Quando não havia os sacerdotes, nos tempos do Antigo Testamento, o chefe da família se encarregava de oferecer os sacrifícios na adoração a Deus. Assim fez o patriarca Jacó, pois, antes de ir ao Egito, com seus filhos, ele ofereceu um sacrifício ao Senhor em Berseba, conforme está escrito: "Partiu Israel com tudo o que tinha, e veio a Berseba, e ofereceu sacrifício ao Deus de Isaque, seu pai" (Gênesis 46.1). O oferecimento de sacrifícios estava relacionado a uma expressão de gratidão, como a oferta pacífica (Lv 3.1), ou ainda à expiação de pecados (Lv 4.27-35). Em ambas as formas, de modo geral, o sacrifício era um elemento da adoração, presente no culto veterotestamentário. Mas no culto neotestamentário o sacrifício de sangue deixou de ser praticado e perdeu a validade, haja vista que está escrito:
“Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hebreus 9.11-12).
Contudo, os judeus planejam reconstruir o templo no mesmo local onde existia, e também restabelecer o culto veterotestamentário com o sacrifício de animais. Isso pode acontecer para que se cumpram as escrituras sagradas. O livro de Daniel descreve eventos relacionados ao fim dos tempos e nele há uma profecia relacionada ao surgimento do anticristo:
“E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações. E ele [o anticristo] firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador” (Daniel 9.26-27).
A princípio
poderíamos entender que parte dessa profecia se refere à destruição de
Jerusalém e do templo no ano 70 d.C., no primeiro século. No entanto, o texto
fala de um pacto que será feito entre o príncipe que há de vir (o anticristo),
as nações e, provavelmente, Israel. Essa aliança será firmada por uma
"semana" profética que equivale a sete anos. Na metade da semana, ou
seja, com três anos e meio, “fará cessar o sacrifício” e “sobre as
asas das abominações virá o assolador”. A expressão, contida na profecia,
"fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares" é uma referência ao
término dos rituais do culto veterotestamentário do templo. Para isso acontecer
é preciso antes que o santuário seja reconstruído e sejam restaurados os
antigos ritos levíticos de adoração. Então, quando essas coisas forem
restauradas, de acordo com a profecia, "... profanarão o santuário e a
fortaleza, e tirarão o contínuo sacrifício, estabelecendo a abominação
desoladora" (Daniel 11.31). Essa profecia foi confirmada por Jesus no
sermão profético, conforme as suas palavras:
“Quando, pois, virdes que a
abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo
(quem lê, que entenda), então os que estiverem na Judeia, que fujam para os
montes; e quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua
casa; e quem estiver no campo não volte atrás a buscar suas vestes. Mas ai das
grávidas e das que amamentam naqueles dias! E orai para que a vossa fuga não
aconteça no inverno nem no sábado, porque haverá, então, grande aflição, como
nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais”
(Mateus 24.15-21).
A referência que Jesus faz ao "lugar santo" é uma alusão ao templo, que se dividia em Átrio, Lugar Santo e Santo dos Santos. Sendo assim, quando a abominação estiver no templo, será o momento em que os judeus deverão fugir, porque haverá uma grande aflição, o que pode significar uma matança causada por uma guerra, um ataque ou uma ameaça terrorista. E sobre a recomendação para orar, a fim de que a fuga não aconteça no inverno ou no sábado, se deve às dificuldades da estação fria, e porque o sábado é o "dia de descanso" para os judeus. O dia sagrado poderia deixá-los despreparados para fugir diante do perigo iminente. Quanto a cessar o sacrifício diário e a abominação entrar no Lugar Santo, há uma condição para que aconteça: é necessário que exista o templo. De qualquer modo, poucos se arriscam a interpretar o que poderia ser a “abominação da desolação” no templo em Jerusalém. Mas em um outro tempo, de acordo com os historiadores judeus, no ano 39 d.C., o imperador Calígula, considerando-se um ser divino, ordenou que a sua estátua fosse colocada em todos os templos religiosos. Os judeus não aceitaram e só não foram massacrados, por não reconhecerem a divindade do imperador, porque o tirano morreu. A história pode, de certa forma, se repetir, pois Paulo em sua Segunda Carta aos Tessalonicenses nos mostra que, no fim dos tempos, haverá uma profanação do templo:
“Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Tessalonicenses 2.3-4).
Não podemos descartar que haja outras interpretações acerca da “abominação da desolação” no Lugar Santo. Contudo, é provável que isso poderá ser a presença do próprio anticristo, desejando se colocar no lugar de Deus, no templo. Uma vez que os judeus creem que o Messias somente virá se o templo for reconstruído. Com efeito, por não acreditarem no Filho de Deus e "porque não receberam o amor da verdade para se salvarem" (2Ts 2.10) ficarão sujeitos ao erro, como está nas escrituras:
“E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes tiveram prazer na iniquidade” (2 Tessalonicenses 2.11-12).Se o templo for reconstruído e profanado, ou a religião, a fé, a tradição ou os elementos da adoração judaica forem desrespeitados, haverá uma revolta e um grande martírio dos judeus. Portanto, fiquemos firmes na presença de Deus, pois a vinda do Senhor está próxima, como está escrito:
“E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Apocalipse 22.12).
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