07 novembro, 2020

LIVROS HISTÓRICOS DA BÍBLIA E O LEITOR MODERNO

     A compreensão da revelação divina a partir dos textos do Antigo Testamento  é um processo de evolução gradual e lenta. É impossível ter uma ideia clara dos propósitos de Deus quando não se tem uma familiaridade com vários textos bíblicos e uma visão geral da Bíblia. A leitura de alguns livros históricos do Antigo Testamento podem ofuscar, para aqueles que não tem um conhecimento mais profundo das escrituras, o entendimento sobre a Graça de Deus e do seu amor. 

    Ao passo que também pode produzir uma falsa impressão de que Deus é um ser impiedoso e terrível, quando na verdade, Ele é misericordioso, justo e compassivo, pronto para socorrer os aflitos e necessitados. Entretanto, não se pode ignorar que a sua ira é tremenda e que Ele pode destruir os povos no seu furor. Mas a ira de Deus somente dura por um momento, pois a sua misericórdia é de eternidade a eternidade na vida daqueles que temem o seu nome. 

    Alguns intérpretes modernos da Palavra de Deus estão cegos quanto à compaixão de Deus para com a humanidade, principalmente os pecadores. Porquanto ainda que o pecado é abominável diante dos olhos do Senhor, a morte do ímpio não lhe traz prazer. Podemos ver nas escrituras sagradas que em momentos de grande apostasia, Deus permitiu que o povo de Israel fosse levado cativo e que as suas terras fossem tomadas. Mas quando os judeus se arrependeram de seus pecados, o Senhor os amparou, os libertou e os trouxe de volta para as suas terras. 

    A queda deste povo proporcionou o chamamento de uma nova nação, eleita e constituída de todos os povos e raças, escolhida para ser um reino sacerdotal. A nação santa e o povo escolhido é a Igreja comprada com o sangue de Jesus Cristo que foi derramado na cruz do Calvário. Nenhum outro fato demonstra tanto o amor Deus quanto o sacrifício do seu Filho pela humanidade. 

    Por isso, os novos leitores e intérpretes da Bíblia precisam ter a consciência que para compreender os Livros Históricos do Antigo Testamento é necessário ter um conhecimento amplo da revelação de Deus através dos séculos. Portanto, é imprescindível o conhecimento prévio do Novo Testamento para uma interpretação correta dos fatos históricos relacionados à revelação de Deus e ao povo escolhido por Ele.

                                                                                                                      Aristeu Alves





02 novembro, 2020

ALEGRIA DE ESTAR NA CASA DE DEUS

       O salmista expressou que sentia prazer em estar na casa do Senhor, o lugar onde Deus manifesta a sua shekinah. Não há outro lugar melhor na terra para desfrutar de paz, harmonia, alegria e comunhão com Deus. Enquanto o mundo está sendo devorado pelas guerras, ainda que não sejam literais, na presença de Deus recebemos a paz por nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1). Aprendemos a ser pacíficos para ser bem-aventurados (Mt 5.9) e, então, produzimos o fruto da paz (Gl 5.22).

   Todas as coisas se harmonizam quando reconhecemos nossas fraquezas e limitações humanas para glorificar a Deus pelas suas grandezas e por sua majestade. Pois, na casa de Deus a criatura se encontra com o Criador, o filho com o Pai, o servo com o seu Senhor e o salvo com o seu Redentor. Não há outro lugar onde ocorre uma perfeita harmonia entre a coroa da criação e Elohim, aquele que tudo criou.

    Essa afinidade produz contentamento, alegria no espírito e uma satisfação plena que parece não ter fim. A alegria é verdadeira e permanente, não se finda com as coisas temporais. Se renova quando ouvimos a voz de Deus, pelas escrituras sagradas ou pela palavra inspirada dos seus servos.

   Uma janela de plena liberdade se abre diante de nós para falar com o Senhor em oração. E, quando clamamos, Ele nos ouve em tudo o que lhe pedimos, pois fazemos as nossas petições em nome de Jesus. Nesse momento, temos comunhão perfeita com o Eterno, por meio de seu Filho amado. Por isso, podemos dizer como o salmista: Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR! (Salmos 122.1).

Aristeu Alves





O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE A ANSIEDADE?

    Jesus dizia aos seus discípulos que não andassem ansiosos pelo que haviam de comer, beber e vestir, porque o Pai celestial sabe que precisamos de tudo isso. E, assim como cuida de toda a criação, cuida dos seus filhos (Mateus 6.25-34). Ele também afirmou que devemos buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas nos serão acrescentadas (Mateus 6.33). Mas nunca disse que a ansiedade é um pecado.

    Não ignoramos que o transtorno de ansiedade é uma doença, mas faz parte da natureza ficar ansioso pelas coisas que esperamos ter ou receber. E o excesso de preocupação com as coisas materiais pode ser prejudicial à saúde, como também ao espírito. Porém, dizer que a ansiedade é pecado ou incredulidade, é no mínimo um exagero, para não dizer antibíblico.

   O Senhor queria ensinar aos seus discípulos a confiar tudo nas mãos de Deus e que eles se preocupassem somente com as coisas espirituais, relacionadas ao seu reino. Mas, se a ansiedade é sinônimo de incredulidade, também é de falta de fé. E, se considerarmos a ansiedade como pecado, pouquíssimos cristãos receberão a coroa de glória. Pois, se olharmos para a Igreja de hoje, o que mais veremos é a falta de fé, a incredulidade e a ansiedade.

   É verdade que a incredulidade leva o homem negar a Cristo e, na realidade, essa incredulidade é pecado, portanto, conduz à condenação eterna. Contudo, alguns incrédulos dentro da Igreja como Tomé, que só acreditam vendo, não negam a Cristo. O problema dos Tomés é que eles não têm tanta fé, mas reconhecem o poder de Deus.
  
   E quanto aos ansiosos, eles não são assim porque querem, está na natureza deles. Nesse caso, o único que pode mudar a natureza do homem é Jesus Cristo. Se a ansiedade fosse pecado, o apóstolo Pedro não teria dito para entregarmos a nossa ansiedade a Deus: “Lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pedro 5.7).


                                                                                                            Aristeu Alves

                                                 Photo by Marcel Friedrich on Unsplash  


 

  

26 outubro, 2020

O SURGIMENTO DO CATOLICISMO

      Photo by Michael Humphries on Unsplash
 

   O cristianismo nos três primeiros séculos da nossa era alcançou um grande número de seguidores. Contudo, até o Édito de Milão não havia no império romano uma tolerância religiosa aos cristãos. Mas a partir daí, as perseguições começaram a cessar e, definitivamente, no ano 380 d.C., o imperador Teodósio tornou o cristianismo religião oficial do Estado. 


Enquanto no Oriente já existia um grande número de cristão que se entregavam à vida monástica, a partir do quarto século, no Oriente surge um movimento de isolamento social de cristãos, que se agrupavam em comunidades para viverem desprovidos de ambições materiais e, até mesmo, sendo vistos como santos. Entre os monges do Oriente e do Ocidente havia uma notória diferença, os monges orientais viviam em regiões desérticas e se tornaram eremitas, ao passo que os ocidentais viviam em regiões afastadas, mas em comunidades.


 Nesse tempo, a Igreja organizou a sua hierarquia, estabeleceu dogmas e impôs um forte domínio espiritual sobre os fiéis. A Igreja do Ocidente tentou impor, por meio do sumo pontífice, ordens aos bispos em todo o lugar. No Oriente, essa autoridade não foi aceita, agravando-se com as divergências doutrinárias e dessa forma ocorreu o cisma. A autoridade máxima no Ocidente era o Papa e a sede da Igreja em Roma, enquanto no Oriente era o Patriarca e a sede em Constantinopla. 


A Igreja do Ocidente fazia a celebração religiosa em latim, enquanto no Oriente faziam na língua grega. As duas Igrejas seguiram suas lideranças adotando dogmas, doutrinas e teologias distintas, como também opostas, o que causou enfrentamentos, mas que com o passar do tempo foram apaziguados. Ainda hoje, essa divisão persiste, mantendo-se existente a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Católica Ortodoxa.

                          

                                                                                                                         Aristeu Alves


A BÍBLIA, UM LIVRO DIVINO E HUMANO

 


 Photo by Aaron Burden on Unsplash


     O cânon da Bíblia sagrada é formado por 39 livros no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento com a ativa participação de mais de quarenta escritores. Nesse aspecto pode-se ter uma visão humana das escrituras sagradas, pois ela foi escrita por homens que eram profetas, apóstolos, líderes religiosos ou piedosos servos de Deus. Contudo, mesmo eles tendo sido autores de toda a mensagem sagrada, é preciso considerar que tudo o que escreveram, foi sob a inspiração de Deus. Esse fato diferencia os escritos bíblicos dos demais escritos. As letras sagradas foram produzidas pela inspiração divina, ao contrário dos outros livros que foram produzidos pelo intelecto humano. 

    Ainda que os autores contribuíram com o seu próprio estilo de escrever, o teor da mensagem não tem comparação com outros livros que não forma inspirados por Deus. Essa diferença marcante coloca a Bíblia Sagrada acima dos demais livros. Há livros que falam sobre Deus, que são religiosos ou místicos, mas não são inspirados por Deus. 

 

    Toda a literatura religiosa produzida e que ficou fora do cânon sagrado, pode ter a sua utilidade, contudo, não pode ser considerada como uma mensagem de Deus. Nesse ponto, é correto afirmar que, a Bíblia, é o único livro considerado como a verdadeira Mensagem de Deus aos homens. Para interpretá-lo é preciso utilizar-se de uma regra áurea, a Bíblia interpreta a si própria. Entretanto, não se pode desprezar os principais métodos da hermenêutica para a sua interpretação, pois sem eles, há o risco de cair em um abismo da falsa interpretação.

          

                                                        

                                                                                                                                          Aristeu Alves