25 janeiro, 2022

ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO

Quando não havia os sacerdotes, nos tempos do Antigo Testamento, o chefe da família se encarregava de oferecer os sacrifícios na adoração a Deus. Assim  fez o patriarca Jacó, pois, antes de ir ao Egito, com seus filhos, ele ofereceu um sacrifício ao Senhor em Berseba, conforme está escrito: "Partiu Israel com tudo o que tinha, e veio a Berseba, e ofereceu sacrifício ao Deus de Isaque, seu pai" (Gênesis 46.1). O oferecimento de sacrifícios estava relacionado a uma expressão de gratidão, como a oferta pacífica (Lv 3.1), ou ainda à expiação de pecados (Lv 4.27-35). Em ambas as formas, de modo geral, o sacrifício era um elemento da adoração, presente no culto veterotestamentário. Mas no culto neotestamentário o sacrifício de sangue deixou de ser praticado e perdeu a validade, haja vista que está escrito:

“Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hebreus 9.11-12).

Contudo, os judeus planejam reconstruir o templo no mesmo local onde existia, e também restabelecer o culto veterotestamentário com o sacrifício de animais. Isso pode acontecer para que se cumpram as escrituras sagradas. O livro de Daniel descreve eventos relacionados ao fim dos tempos e nele há uma profecia relacionada ao surgimento do anticristo:

“E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações. E ele [o anticristo] firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador” (Daniel 9.26-27).

A princípio poderíamos entender que parte dessa profecia se refere à destruição de Jerusalém e do templo no ano 70 d.C., no primeiro século. No entanto, o texto fala de um pacto que será feito entre o príncipe que há de vir (o anticristo), as nações e, provavelmente, Israel. Essa aliança será firmada por uma "semana" profética que equivale a sete anos. Na metade da semana, ou seja, com três anos e meio, “fará cessar o sacrifício” e “sobre as asas das abominações virá o assolador”. A expressão, contida na profecia, "fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares" é uma referência ao término dos rituais do culto veterotestamentário do templo. Para isso acontecer é preciso antes que o santuário seja reconstruído e sejam restaurados os antigos ritos levíticos de adoração. Então, quando essas coisas forem restauradas, de acordo com a profecia, "... profanarão o santuário e a fortaleza, e tirarão o contínuo sacrifício, estabelecendo a abominação desoladora" (Daniel 11.31). Essa profecia foi confirmada por Jesus no sermão profético, conforme as suas palavras:

“Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (quem lê, que entenda), então os que estiverem na Judeia, que fujam para os montes; e quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de sua casa; e quem estiver no campo não volte atrás a buscar suas vestes. Mas ai das grávidas e das que amamentam naqueles dias! E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado, porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais” (Mateus 24.15-21).

 A referência que Jesus faz ao "lugar santo" é uma alusão ao templo, que se dividia em Átrio, Lugar Santo e Santo dos Santos.  Sendo assim, quando a abominação estiver no templo, será o momento em que os judeus deverão fugir, porque haverá uma grande aflição, o que pode significar uma matança causada por uma guerra, um ataque ou uma ameaça terrorista. E sobre a recomendação para orar, a fim de que a fuga não aconteça no inverno ou no sábado, se deve às dificuldades da estação fria, e porque o sábado é o "dia de descanso" para os judeus. O dia sagrado poderia deixá-los despreparados para fugir diante do perigo iminente.  Quanto a cessar o sacrifício diário e a abominação entrar no Lugar Santo, há uma condição para que aconteça: é necessário que exista o templo. De qualquer modo, poucos se arriscam a interpretar o que poderia ser a “abominação da desolação” no templo em Jerusalém. Mas em um outro tempo, de acordo com os historiadores judeus, no ano 39 d.C., o imperador Calígula, considerando-se um ser divino, ordenou que a sua estátua fosse colocada em todos os templos religiosos. Os judeus não aceitaram e só não foram massacrados, por não reconhecerem a divindade do imperador, porque o tirano morreu. A história pode, de certa forma, se repetir, pois Paulo em sua Segunda Carta aos Tessalonicenses nos mostra que, no fim dos tempos, haverá uma profanação do templo:

“Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus” (2 Tessalonicenses 2.3-4).

Não podemos descartar que haja outras interpretações acerca da “abominação da desolação” no Lugar Santo. Contudo, é provável que isso poderá ser a presença do próprio anticristo, desejando se colocar no lugar de Deus, no templo. Uma vez que os judeus creem que o Messias somente virá se o templo for reconstruído. Com efeito, por não acreditarem no Filho de Deus e "porque não receberam o amor da verdade para se salvarem" (2Ts 2.10) ficarão sujeitos ao erro, como está nas escrituras:

 “E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes tiveram prazer na iniquidade” (2 Tessalonicenses 2.11-12).Se o templo for reconstruído e profanado, ou a religião, a fé, a tradição ou os elementos da adoração judaica forem desrespeitados, haverá uma revolta e um grande martírio dos judeus. Portanto, fiquemos firmes na presença de Deus, pois a vinda do Senhor está próxima, como está escrito:

“E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra” (Apocalipse 22.12).

 

Artigo escrito por Aristeu Alves e publicado no jornal Mensageiro da Paz, edição de janeiro/2022.
 

  

30 maio, 2021

A REGENERAÇÃO DE SAULO

Como se explica a conversão ao cristianismo, de um perseguidor dos cristãos? Essa mudança radical só pode ser compreendida pela ação sobrenatural do Espírito de Deus. Pois com a luz da sua palavra, o Senhor remove toda a cegueira espiritual que em trevas encobre o entendimento do homem. E até mesmo aqueles que tem os corações mais duros, quando ouvem a voz de Deus se derretem como cera diante do fogo. Porquanto uma experiência sobrenatural com Deus é tão marcante quanto o ferro em brasa, aquecido na fornalha, quando encosta no corpo. 

O inexplicável poder de Deus, muito além da compreensão humana, é capaz de mudar a mente, o coração, os pensamentos, a alma e o espírito do homem. De fato, uma coisa é ouvir falar de um milagre, um arrebatamento ou a manifestação poderosa de Deus, outra coisa é ser testemunha e ter a convicção do agir sobrenatural do Senhor. Foi isso que aconteceu com Saulo, pois ele experimentou um contato com o Senhor. 

No caminho de Damasco, Jesus se apresentou a ele e lhe deu uma pequena amostra do seu grande poder. Saulo que depois da sua conversão passou a ser chamado de Paulo, viu o Senhor Jesus. A certeza que essa experiência lhe deu ninguém poderia colocar em dúvida. E até quando lançaram dúvidas sobre o seu ministério apostólico, ele disse: “Não sou eu apóstolo? Não sou livre? Não vi eu a Jesus Cristo, Senhor nosso?” (1Co 9.1). A sua fé o impulsionou de tal forma, que deixou tudo para trás. Abandonou o judaísmo e, por amor a Cristo, desprezou tudo que antes tinha, conforme ele mesmo escreveu aos filipenses:

“Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo.  E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo  e seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus, pela fé; para conhecê-lo, e a virtude da sua ressurreição, e a comunicação de suas aflições, sendo feito conforme a sua morte; para ver se, de alguma maneira, eu possa chegar à ressurreição dos mortos” (Filipenses, 3.7-11).


Essa transformação que ocorreu em sua vida, aconteceu em decorrência do processo de regeneração, sem o qual não é possível alcançar a salvação. À vista disso, quando Jesus recebeu a visita de Nicodemos e foi reconhecido como mestre divino, disse ao fariseu: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus (Jo 3.3). 

Nicodemos, que era mestre em Israel, sem entender o real significado de nascer de novo, muito humilde, perguntou ao grande mestre: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?” (Jo 3.4). A resposta de Jesus demonstrou que as coisas espirituais são difíceis de serem explicadas aos homens que vivem e pensam de forma natural:

“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.  Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito” (João, 3.5-8).


O que Deus faz somente pode ser entendido por pessoas espirituais. O homem natural pasma diante da sabedoria de Deus, a exemplo de Nicodemos perante Jesus, quando perguntou: Como pode ser isso?

É sabido que a ciência é capaz de explicar a maioria dos fenômenos do universo, mas ao se deparar com as obras de Deus, fica impossibilitada de propor qualquer esclarecimento. Com efeito, a sabedoria humana não pode compreender o Espírito de Deus, porque as coisas espirituais são compreensíveis apenas pela sabedoria de Deus, como está escrito:

“Todavia, falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória” (1 Coríntios, 2.6-8).


No caso de Paulo, a mudança radical no seu entendimento sobre Jesus Cristo é inexplicável sob o ponto de vista humano. Mas por um outro prisma é explicável porque para Deus tudo é possível. Paulo foi transformado pela ação do Espírito Santo em sua vida e experimentou um novo nascimento. Ele se tornou uma nova criatura e tudo passou a ser novo em sua vida, conforme ele mesmo escreveu, na Segunda Epístola aos Coríntios:

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios, 5.17).


                                                                                                Aristeu Alves


         Artigo escrito por Aristeu Alves e publicado no Jornal Mensageiro da Paz, na página 22, edição de maio de 2021.




A FÉ


   Como explicar a fé? Por mais que se procurem palavras para expressá-la, somos incapazes de defini-la em toda a sua complexidade. O operar da fé pode ser visto, percebido, mas não pode ser mensurado. O tamanho da fé que existe no coração de um homem que teme a Deus é desconhecido e incalculável. Pode ser uma grande fé como a do centurião de Cafarnaum (Mateus 8.1-13) ou uma pequena fé como a dos discípulos que não puderam expulsar um espírito maligno que atormentava um garoto (Mateus 17.14-20).

   A fé é uma consistência em nosso interior que nos leva a esperar o improvável acontecer ou a acreditar na mudança de um estado que não tem indícios que poderá ocorrer. O agir sobrenatural da fé nos guia a enfrentar obstáculos que parecem invencíveis, nos encoraja a atravessar vales atemorizantes da vida para chegar ao caminho certo quando tudo parece estar perdido.

   De certa forma, a fé é a luz que nos ilumina para andar na escuridão e a bússola que nos dirige para seguir na direção certa. É a força que nos dá a coragem para vencer e a certeza de que Deus jamais nos abandonará, pois Ele sempre está conosco, em qualquer hora e em qualquer lugar.

 

 

                                                                             Aristeu Alves

A ARCA DE DEUS

    Quando Jesus estava com seus discípulos no monte das Oliveiras, eles preocupados com o fim dos tempos e querendo se informar quando seria o retorno de Jesus, perguntaram-lhe em particular: “Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mateus 24.3). O mestre lhes disse que se levantaria nação contra nação, indicando que aconteceriam guerras, e também haveria fomes, terremotos e pestes em muitos lugares. Mas todas essas coisas seriam o começo das dores, ou seja, o início do sofrimento.

    Esse é o momento que estamos vivendo hoje, o princípio das dores, quando os sinais do fim começam a se tornar mais intensos. Entretanto, ainda não é o fim, o fim de todas as coisas como aconteceu no mundo antigo, que foi submerso pelas águas do dilúvio, acontecerá quando os escolhidos entrarem na arca. Pois como “aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem. Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e consumiu a todos” (Lucas 17.26-27).

    Uma outra condição para chegar o fim dos tempos é o evangelho do reino ser pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes (Mateus 24.14). Isso está acontecendo em nossos dias. A tecnologia digital nos proporcionou condições de participar de redes sociais, grupos e fóruns na internet, como também ampliou a velocidade da comunicação do evangelho de Cristo ao mundo.
É quase inimaginável pensar que existe alguém, conectado na rede mundial de computadores, que não tenha visto ou ouvido uma mensagem relacionada a Jesus ou à salvação que ele propiciou com a sua morte na cruz. Portanto, não é possível que alguém que está conectado na rede mundial de computadores desconheça o evangelho.

   A desculpa de não servir a Deus, por não ter ouvido falar do evangelho, não pode mais ser dada. Então, podemos perguntar: o que falta para o retorno de Jesus? Essa questão pode ter respostas dentro e fora das escrituras sagradas. Mas é importante considerar o fato que Deus não enviará o seu Filho enquanto todos os seus planos, inclusive individuais, para com a Igreja, Israel e o mundo não se cumprirem. Mas quando Jesus voltar, no arrebatamento da igreja, os escolhidos entrarão na arca de Deus, receberão a vida eterna e, então, virá o fim.

11 maio, 2021

A ORAÇÃO DO JUSTO

      Elias, de acordo com as escrituras sagradas, foi um dos mais notáveis profetas de Deus durante a dispensação da lei. Era um tempo difícil em que a desobediência aos mandamentos do Senhor era punida com a morte. Mas, nem por isso, os filhos de Israel se afastavam do pecado.
     Seguindo a liderança de Acabe, rei de Israel, que construiu um altar ao deus dos cananeus Baal, o povo se entregou a idolatria e abandonou ao Senhor. Houve uma apostasia total no reino de Israel, comandada pelo seu rei e por sua mulher, Jezabel, que tinha grande apreço pelos 450 falsos profetas de Baal.
       Em meio à crise espiritual que ameaçava destruir a verdadeira fé no Deus de Abraão, o profeta Elias surge e declara a Acabe o fechamento das janelas do céu: “Vive o SENHOR, Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra” (1Reis 17.1).
     As palavras do profeta foram uma oração, uma profecia, um juízo divino, um ato profético ou uma declaração de fé? Há muitas interpretações e entendimentos que podem ser tecidos a partir da proclamação feita por Elias de um tempo de estiagem em Israel. Mas prefiro crer nas palavras do apóstolo Tiago que sobre esse fato traz uma impressionante revelação: “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse, e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto” (Tiago 5.17-18).
     O espantoso nas palavras de Tiago é que ele declara que o profeta era sujeito às mesmas paixões que nós, mas orou e os céus retiveram a chuva por três anos e meio. Elias não era um supercrente, infalível e perfeito. Aliás, nesta terra não existe ninguém que seja perfeito, mas Deus que está nos céus é a essência da perfeição. E um homem imperfeito, mas fiel a Deus, que sofria tentações e resistia ao diabo, tinha em sua vida o poder da oração. E se a oração de Elias tinha poder, a nossa também tem, pois a oração de um justo pode muito em seus efeitos (Tiago 5.16).


Aristeu Alves